segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Anotações sobre um amor urbano.

De Caio Fernando Abreu:

[... Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha pra mim, sorri.
Quanto tempo dura? Faz pouco despencou uma estrela e fizemos , ao mesmo tempo
e em silêncio, um pedido, dois pedidos. Pedi para saber tocálo.
Você não me conta seus desejos. Sorri com os olhos, com a mesma boca que mais tarde,
um dia, depois daqui poderá me dizer: não...


Chega em mim sem medo, toca no meu ombro, olha nos meus olhos, como nas canções do rádio. Depois me diz:
- "Vamos embora para um lugar limpo. Deixe tudo como está. Feche as portas, não pague as contas nem conte a ninguém. Nada mais importa. Agora você me tem, agora eu tenho você. Nada mais importa. O resto? Ah, o resto são os restos. E não importam ".

Mas seus livros, seus discos, quero perguntar, seus versos de rima rica?
Mas meus livros, meus discos, meus versos de rimas pobres?
 Não importa. Largue tudo. 
Venha comigo para qualquer lugar.
Peço e peço e não digo nada mas peço e peço diga, diga já, diga agora, diga assim.
Você não diz nada... ]



0 comentários:

Postar um comentário